Não tenho pretensões de ser o melhor marido do mundo uma vez que a condição de marido implica, obrigatoriamente e no caso das minhas preferências sexuais, a existência duma fêmea. Esta dualidade num casamento assemelha-se a um bom pneu numa estrada lisa...só funciona graças ao atrito. Durante estes dias de jornadas futebolísticas, atrito é coisa latente a toda e qualquer repetição dos lances mais importantes. Eu juro-lhe que em cada repetição e em cada comentário do golo que vivi no directo, é possível reter pormenores essenciais. Tá certo! Em nada alteram o resultado, mas são coisas que devemos assimilar para podermos sair à rua ou mesmo arriscar um bejéca no café do bairro. As pequenas nuances nas disputas corpo-a-corpo, os estados de espirito dos apanha-bolas, os quais se perdem quase sempre num directo, ou mesmo as falhas involuntárias dos árbitros, tudo importa e justifica que assistámos às repetições até altas horas da madrugada. Só não percebo porque é que a evidência não é transversal ao sexo! Supondo que sejam coisas do mesmo grau de abstracção das "cenas dos capítulos anteriores", no arranque de cada episódio da novela, ou mesmo o resumo dos minutos anteriores na vida do Jack Bauer; supondo isso, venho aqui confessar que sendo assim estou solidário com a outra parte. Que compreendo que antes de começar um novo episódio ou uma nova hora, seja necessário reviver os momentos e os enredos passados. É mesmo isso. É isso, minha querida, que acontece quando estamos cegamente agarrados à TV, depois à internet, ao jornal e à rádio, nos minutos e horas a seguir a um jogo. E continua certo! Não vai alterar o resultado mas, uma coisa fica irremediavelmente diferente: já podemos saír à rua.
Querem um frouxo em casa ou querem um marido a sério? Querem alguém que traga atrito ao casamamento ou querem um que só entre aos 89 minutos, exercita sozinho e, raramente, marca golos? É que esses nunca vêm resumos.
Os resumos são o elixir da masculinidade, o estrume que alimenta uma família, a charneira dum casamento saudável. São estes pequenos momentos que nos fazem regressar mais decididos e dominantes ao lar no fim de mais um dia.
Agora deixem-me ir porque tenho de lavar a loiça, mudar os WC Patos das três casas de banho, tirar a plasticina das sapatilhas do míudo, fazer a máquina da roupa, fechar a porta do escritório para não incomodar quem detesta o meus resumos e tentar sentar-me na sala. Pode ser que ainda apanhe qualquer coisa da Liga dos Últimos.
2 comentários:
Balázio, eu não iria tão longe na anologia do "estrume", mas estou claramente solidário contigo.
Não consigo perceber como é que as femêas não percebem a importância de logo após um jogo televisionado, um gajo ter tb que vêr o rescaldo e as melhores jogadas do jogo.
E se um jogo foi na Sporttv à Sexta, nada como vêr o resumo alargado ;) no jornal da RTP1 ao Sábado, seguido do programa BwinLiga na TVI de Domingo. E assim, sim, sentimo-nos confortáveis com a nossa opinião.
Mas claro, para a confrontarmos com os "especialistas", não poderemos perder o Dia Seguinte na SIC Notícias e o Trio de Ataque na RTPN.
Não é só uma questão de pluralidade mas tb estarmos bem com nós próprios a meio da semana, altura em que finalmente dominamos tudo o que se passou no futebol do f-d-s passado e poderemos pensar na jornada seguinte.
Como é que se explicam todas estas óbvias evidências? ;-)
Concordo com o exagero do extrume! Esqueci de clarificar que considero a minha família como uma flor, que ultimamente tenho andado a plantar porcarias num canteiro lá em casa, que ando embuido do espirito de jardineiro e, claro, que sou um exagerado.
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