terça-feira, 17 de junho de 2008

Andrades e Rui Santos do mesmo lado. Será que ficamos por aqui ?

Avaliemos Scolari:
o negativo – final de um Europeu perdida em casa, meia-final de um Mundial perdida fora, murro num adversário;
o positivo – presença inédita na final deum Europeu, quarto lugar num Mundial e, pelo menos, passagem à segunda fase do Euro’2008.
Balanço: Scolari ainda não ganhou nada por Portugal, mas já fez Portugal ganhar mais que com qualquer outro. É um facto e só os ingratos preferem autopromoverem-se, pela crítica doentia, a aceitarem-no. Outro facto: Scolari não tem caracóis à Popas da Rua Sésamo, nem tenta dar nas vistas com comentários e gravatas berrantes. Outros ainda: Scolari está longe de ser perfeito e deu a Portugal o maior desgosto desportivo de sempre. E porquê? Porque levou a Selecção até
onde ela nunca tinha chegado. Perder finais custa, mas custa mais perder na fase de grupos ou nem sequer lá chegar. Foi só isso que Scolari mudou.

Com isto pode ser que tenhamos a "sorte" do Oliveirinha voltar ao seu posto. Dasse... Bate na madeira.
Já dizia o meu avô "Vozes de burro não chegam ao ceu".... Tadinhos

8 comentários:

Filipe Pereira disse...

Esqueceste-te de uns quantos pontos negativos e outros poucos positivos!

Vitor Sá disse...

relembra-mos lá sff

André . أندراوس البرجي disse...

É preciso recordar as circunstâncias em que o Scolari chegou, com condições que nenhum outro seleccionador teve, e com jogadores de luxo. Além disso não é verdade que tenha mudado a história das "fases de grupos". Na verdade, e com a excepção do Mundial'02, que correu mal para todas as equipas europeias com excepção da Alemanha (essa mesma esmagada pela melhor prestação portuguesa num europeu, em termos de pontos, golos marcados e golos sofridos, em 2000, e que fez um euro'04 ridículo), já em 1996 se tinha chegado aos quartos e em 2000 às meias. A final de 2004, em casa, perante adversários relativamente acessíveis (quando comparados com 2000, por exemplo), e com o tremendíssimo golpe de sorte dos jogos com a Espanha e a Inglaterra, já sem falar da ridícula Rússia, a mesma que meses mais tarde enfardou 7 em Alvalade, chegar à final em 2004 nestas circunstâncias foi o corolário de uma evolução do futebol português que começou no final dos anos 80. O Mundial de 2002, repito, foi um acidente de percurso, partilhado com todas as outras selecções europeias com a ressalva referida. Um mundial em que o 3º é a Turquia e o 4º a Coreia só pode ser considerado no mínimo atípico. Para não dizer outra coisa.

De resto o percurso no Euro'04 foi, para quem tiver óculos sem ser verde-vermelhos, sofrível. Uma primeira derrota em casa perante uma Grécia deprimente, cujo valor tem sido bem aferido nas competições subsequentes. Uma vitória perante uma Rússia ridícula. Uma vitória afortunada perante um Espanha que nos 60 anos anteriores só tinha conseguido ganhar uma vez a Portugal. Sim, já o Scolari era seleccionar, tem também esse record. Uma vitória cheia de vaca perante a Inglaterra. Uma vitória limpinha (a única decente) perante uma Holanda que tradicionalmente não consegue ganhar a Portugal (se bem me lembro em toda a sua história só o conseguiu uma única vez). Uma derrota vergonhosa perante os mesmos deprimentes gregos, que se tinham conseguido, com uma vaca incrível, eliminar a França e os Checos, usando o factor surpresa e muita sorte, não podia usar esse msmo factor perante Portugal, que já tinha derrotada semanas antes. Mas usou. Inacreditável.

De resto o Scolari conseguiu outra proeza digna de nota, e eu não quero que me acusem de ser injusto. O seu a seu dono. Conseguiu que 3 das 4 derrotas de Portugal em Europeus nos 90 minutos fossem às suas mãos. Em 2 edições, 3 derrotas (até ver). Antes dele, em 3 edições, uma única derrota nos 90'. Outra proeza digna de nota, que repetiu este ano, foi permitir derrotas na fase de grupos, coisa que não aconteceu nem em '84, nem em '96, nem em '00. A proeza é mais significativa quando nesses 3 europeus, ao contrário dos de '04 e '08, Portugal tinha no grupo a campeã europeia em título (Alemanha em '84, Dinamarca em '96, Alemanha em '00).

É verdade, Scolari conseguiu a melhor classificação portuguesa de sempre num Euro (mas não a melhor prestação), jogado em casa. Mas atribuir-lhe em exclusivo esse mérito sem ter em conta o contexto é um pouco como dizer que Portugal deve a internet ao Guterres. É verdade, mas porque estava no lugar certo à hora certa. A questão que se deve colocar é outra. Tendo em conta a vergonha que foram os jogos de preparação em '04, tendo em conta a exibição ridícula no primeiro jogo, tendo em conta que a partir do 2º jogo mudou tudo, passando a jogar uma selecção nova, aquela que toda a gente (menos ele) tinha percebido que era a melhor, tendo em conta tudo isto: até onde teria chegado uma selecção a sério, a mesma que jogou os outros jogos, se ele não tivesse passado 2 anos a teimar numa equipa no mínimo divertida?

Até onde teria chegado no mundial '06, se não tivesse deixado em casa jogadores como o Quaresma e não tivesse levado outros lesionados, em má forma passageira (Costinha) ou permanente (Postiga, Gomes)? E se lhe tivesse calhado um grupo a sério, sem angolas, irões e méxicos?

Há uma frase dele que o define. É quando acaba aquele jogo inacreditável contra o Lichtenstein. Sim, esse em que esses rapazes amadores obtêm o melhor resultado de toda a sua história, empatando 2-2 contra Portugal (os 2 ou 3 empates anteriores tinham sido contra equipas do mesmo calibre). No final desse jogo o sr. Scolari disse que "é normal". Mostrou em duas palavras que não percebe nada do que é o futebol europeu.

Não gosto do homem. Só não digo que estou feliz com a sua partida porque a selecção me é relativamente indiferente (já me curei de nacionalismos e patriotismos, e mesmo que não me tivesse curado, acho triste e redutor achar que uma selecção de futebol representa um país). Embora até esteja, porque gosto de ver bom futebol. Agora que venha alguém como deve ser.

André . أندراوس البرجي disse...

Outra coisa que se costuma ouvir é que com o Scolari Portugal deixou de fazer contas para se apurar e de deixar tudo para a última. Bem, se a memória não me falha, no Euro'00 ao 2º jogo o 1º lugar estava garantido, despachadas Inglaterra e Roménia, e a equipa B ainda se deu ao luxo de golear a Alemanha campeã em título e que 2 anos depois chegaria à final do Mundial. Já em 2004 foi preciso roer unhas até ao último segundo do último jogo, num grupo com a Grécia e a Rússia. A qualificação para o mundial '06 foi exactamente igual à para o mundial '02, até um pouco pior no que respeita aos golos marcados e sofridos - apesar de o grupo de '02 ser incomparavelmente mais difícil (Holanda, lembram-se? Em '06 o rival mais poderoso era a inofensiva Eslováquia). Já a qualificação para este europeu foi tudo menos simples, num grupo ridículo, absurdo, em que a insipiente Polónia até conseguiu ficar em 1º. A mesma que agora foi despachada sem honra nem glória. Enfim. Volta Humberto, estás perdoado.

Filipe Pereira disse...

@Zé Paivinho: O André fez-me o favor de responder-te, ainda por cima de uma forma muito mais eloquente e precisa. Não ia conseguir fazer melhor. Espero que tenhas ficado satisfeito. De qualquer forma e para não ser tudo negativo, uma vez que te disse faltarem coisas positivas, acrescento:

- foi positiva a estadia do Scolari pois tivemos mais uma prova de incompetência e nulidade do presidente da Federação; logo estamos todos mais conscientes da necessidade de afastar o rolha;

- foi positiva a passagem em terras Lusas, porque obrigou a classe jornalística a fazer mea culpa. Pelo menos aquela que sendo a melhor que nós temos, não se revê nos amadores que aparecem nas conferências de imprensa fazendo perguntas à 24horas;

- foi positiva porque fez com que este povo percebesse que ver-se Grego não é uma coisa só para portugueses; toda a Europa ficou com a Grécia atravessada na garganta ao assistir à vitória em 2004 da equipa do anti-jogo;

- e foi positiva porque sempre acreditei que era passageira;

E já agora queria deixar-te o meu lamento pela saída dele. Lamento que saia numa altura em que o Madaíl ainda é presidente. Infelizmente a escolha do próximo seleccionador fazer este incompetente a fazê-la.

Por mim venha um português e que venha com a capacidade de transformar a mentalidade deste povinho tacanho de que só é bom chefe e líder, aquele que acumule arrogância, má-educação e desrespeito por quem lhe paga, neste caso, nós.

André . أندراوس البرجي disse...

A patética prestação da Grécia neste Europeu, condizente aliás com a ridícula participação na qualificação para o Mundial'06 e com o anedótico percurso na fase de grupos do Euro'04 (depois foi a vaca que se sabe), bem como com todo o seu historial enquanto selecção, demonstra de forma eloquente o escândalo que foi perder o Euro'04. Só com muito boa vontade, muito patrioteirismo e muita cegueira se pode continuar a louvar a participação no Euro'04.

Stromp disse...

Acho que a malta anda com a memória curta.

Desde tenra idade habituei-me a "torcer" pelo brasil nos mundiais e pela selecção estrangeira que tivesse mais jogadores sportinguistas nos Euros.

Agora, ao contrário de outros ;), tenho-me habituado a torcer por PORTUGAL!

Não só, mas também, graças a Scolari.

André . أندراوس البرجي disse...

Graças ao Scolari tens a qualificação para 1 euro, este. Mais nada. Não me parece que faça, portanto, sentido usar esse argumento como defesa do pretendente a viticultor - e aí teria todo o meu apoio.

Quem não tem memória curta sabe, de facto, que não existe um antes e depois de Scolari no futebol português, ao contrário do que alguns tentam fazer passar. Quem não tem memória curta lembra-se de que pode torcer por Portugal há 4 Euros consecutivos, sendo apenas 1 deles graças à (ou apesar da) qualificação liderada por ele. Não é assim tanto. E tendo em conta a qualidade do grupo de qualificação que tocou à selecção portuguesa, e que apesar disso só se conseguiu, já no fim, o 2º lugar...

Quanto aos mundiais, como já foi recordado a qualificação para '06 foi idêntica à de '02. Com uma diferença apenas: a de '02, num grupo que tinha a Holanda, ainda assim foi mais tranquila do que a de '06, num grupo que não tinha mais para oferecer do que uma Eslováquia inofensiva e uma Rússia patética. Para quem tem memória curta, eu recordo que a última derrota portuguesa numa qualificação para um Mundial foi em 1996, há 12 anos, já no século passado.