Há uns anos atrás, quando a corda estava a arrebentar do lado amador, os clubes decidiram, ou decidiram por eles, que a hora do forrobodó tinha chegado ao fim. Aderiram à moda das Sociedades Anónimas Desportivas. À primeira vista uma figura jurídico-financeira bastante promissora. À primeira-vista, parecia mesmo.
Passados estes anos e quando olho para a tremenda vontade de mudar a organização do futebol português, a única coisa que salta aos olhos são os milhões extra que se geram e a duplicação de instâncias com responsabilidades de moralização.
O que faltou no alcance das promessas, sobra ainda em amadorismo crónico. A disciplina, durante e após os jogos, continua nas mãos de não-profissionais e entregue às vicissitudes de interesses mal explicados. Os juízes de secretária, são juízes em tribunais pior organizados. Os árbitros são freelancers privilegiados, oportunamente desculpabilizados pelo facto de serem profissionais a tempo inteiro mas noutro lado. Os clubes que não pagam ordenados mantêm-se no negócio sem qualquer punição. Os pobres jogadores, sem esses ordenados milionários, são "legitimamente" pressionáveis por clubes maiores, que acenam com uma contratação no final da competição. Enfim, uma palhaçada disfarçada com nome de Liga.
Não sei porquê, mas quando digo ou escrevo "liga" faz-me lembrar saloons do velho western americano e pernocas de bailarinas. Se penso em bailarinas de saloons, ocorre-me Carolina Salgado. Se Carolina Salgado, logo meretriz. Se Meretriz, então "vendida a quem der mais". No final desta chata e rápida associação mental, chego de novo à ideia de Liga. Resumindo, esta Liga, que toda a gente contesta, é suportada e regulada pelos clubes. Funciona assim como uma prostituta com liga, que baila de acordo com a música da maioria dos clubes.
A Liga tenta gerir o futebol português e ao mesmo tempo tenta não ferir as SAD´s. Todos querem melhorar o produto à modinha de Portugal. A modinha do "coça-me as costas que a seguir eu coço as tuas, mas sem arranhar muito". É a figura do rolha que se manifesta também neste presidente da liga. Só se tenta um castigo ao FCPorto por ser politicamente correcto e por achar que o FCPorto iria aceitar perder pontos num campeonato atípico na vantagem e na diferença de qualidade para os mais directos adversários.
Pior do que este amadorismo ainda é a permeabilidade dos clubes aos interesses financeiros de uma sociedade anónima. Uma SAD não é um clube, aliás muitos dos interesses "comuns" estão em rota de colisão.
O FCPorto SAD, orientado pelo dinheiro e pela tentativa cobarde da Liga, pressionou o presidente a aceitar o castigo resultante das notas de culpa. Tentaram que PC engolisse o bom-nome e a palavra-dada, duas das suas mais fortes características. Pequenos grandes detalhes que contribuíram para que o FCP Clube, seja hoje aquilo que é. Um melhor clube do que SAD.
Agora é a vez do Benfica SAD. O madeirense comendador, cuja interpretação simples do fenómeno "Péssimo Benfica", roça o populista, vai falar com o presidente. Uhhh, medo!!! diria um benfiquista.
A resposta do Futebol Clube do Porto à FCPorto SAD, foi aquela que eu esperava.
A resposta do Sport Lisboa e Benfica à Benfica SAD, ainda vamos ver. Muito provavelmente, será mais um balão de ar que se enche. Um daqueles bem grandes que chegam às primeiras páginas d'A Bola, o principal anestésico-laxante da massa associativa lampiona.
Tenho pena que as promessas de uma grande liga não chegue a todos os clubes. Afinal são estes quem mandam e quem regulam. O governo deveria intervir? Sim dentro de limites. Mas compreendo, que um povão permanentemente distraído com futebol, aceita mais facilmente os disparates do resto da governação.
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