quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Liedsão


Tudo leva a crer que o neo-português Liedson, será o próximo naturalizado a jogar pela nossa selecção. Ontem, o Professô Carlos Queirós abriu as portas, o empresário também disse que para Liedson seria uma honra jogar por Portugal ( até porque já deve ter perdido as esperanças de jogar pelo Brasil ). Logo, está tudo encaminhado para termos o 3º brasileiro na selecção.

Num país onde o campeonato principal tem cerca de 50% de jogadores brasileiros, onde as próprias camadas jovens começam a estar infestadas de estrangeiros, é lógico que o jogador português não tem futuro e que as selecções tenham de se socorrer dos estrangeiros.

Pepe, Deco, Liedson já cá cantam. Mais virão. Mas depois de aberta a caixa de Pandora, isto era mais que aguardado.

9 comentários:

Filipe Pereira disse...

Prefiro-os naturalizados a arrebentarem com a baliza dos adversários, do que clandestinos a arrebentarem com a cabeça de reféns.

Centrando-me um bocadinho neste post infestado de xenofobismo, custa-me ler estas alarvidades de alguém que se fez gente no pós-25 de Abril e que, até ver, usufrui da pujança de uma europa unida, acente em princípios de igualdade, liberdade e fraternidade. Mais uma vez o problema não são as leis, são as pessoas. Pepe, Deco e Liedson são jogadores de elite que adquiriram a nacionalidade através de uma lei que também tu votaste. A meu ver, uma lei da nacionalidade justa (se não a conheces vai ao www.sef.pt) que, como tudo na democracia, funciona para os dois lados: para o do estrangeiro bem intensionado e para o do lusitano oportunista.

Edu disse...

O que eu não acho justo é o processo de naturalização de um jogador de futebol ser MUITO mais rápido do que o de um "estrangeiro bem intencionado" que trabalha no duro todos os dias. Conheço pessoas que nasceram cá, já são adultos, e nunca estiveram no país de origem dos pais, mas mesmo assim são estrangeiros porque o seu processo de naturalização arrasta-se há q'anos... é assim o sistema que deveria ser igual para todos, mas é mais igual para quem tem mais dinheiro...

Stromp disse...

Edu,

isso é outra vertente do problema e aí sim, é sério, porque mexe com a vida das pessoas.

E não é só o dinheiro que vai movendo esses processos, mas também os "interesses" escondidos para apressar essas naturalizações, como por exemplo não contarem como extra-comunitários nos campeonatos ou poderem jogar em Inglaterra.

Tita disse...

Voltando um bocadinho ao facto do Liedon poder vir a ser "português" e poder jogar pela selecção: Não é uma aquisição muito grande para a selecção. Afinal ele já vai nos 31... pouco mais anos vai jogar à bola. Fará o mundial(se apurarmos) e dificilmente fará o próximo Europeu.

André . أندراوس البرجي disse...

Eu continuo a não ver diferença entre brasileiros naturalizados e congoloseses, e outros africanos, e isto ficando-me só pelo futebol.

André . أندراوس البرجي disse...

Só para esclarecer que não vejo mal nenhum na utilização de naturalizados. Aliás uma das coisas que me aborrecem no futebol é que é continua a ser um terreno onde a xenofobia não só não é socialmente censurada como é até elevada a coisa digna e justificável, o que a mim me dá vómitos.

Filipe Pereira disse...

Estás a gostar de censurar tinguista?

Stromp disse...

Xenofobia porquê André?
Xenofobia seria não querer que os estrangeiros jogassem ou trabalhassem em Portugal. Não é isso que se passa, pois não?
Se vamos por aí, a própria competição é xenófoba, porque coloca em disputa o “nós” contra os estrangeiros.

A génese deste tipo de competições foi que os melhores de cada país se defrontassem, uma competição para a "nata" de cada país. É na definição de nacionalidade/naturalidade que reside o busílis da questão.

No caso do Liedson, ele referiu há algum tempo que o sonho dele seria jogar na canarinha. Está no seu direito, quer jogar pelo seu país. Acho que não deveria jogar por Portugal. Não gosto de estrangeiros? Patetice.
Acho é que cada país deve apresentar os seus melhores. Se o seus melhores não prestam, invistam na formação ( processo difícil ) em vez de naturalizarem ( processo fácil ). Além disso, eu adoro o Liedson no meu Sporting.

Na minha opinião, naturalizações interesseiras não! Sejam brasileiros, africanos, espanhóis ou franceses e em que modalidade for.
Acho que no conceito de competições por selecção não faz sentido.

André . أندراوس البرجي disse...

É de facto na questão da nacionalidade que reside o busílis. O que é um português? Alguém que nasce em Portugal, privilegiando-se então o critério geográfico? Alguém que é filho de portugueses, privilegiando-se então o perigosíssimo e falacioso critério do sangue? O que faz do Liedson menos português que o Makukula, que não só afirmou que queria jogar pelo Congo, há uns anos, como na altura recusou até integrar a selecção portuguesa? O que faz do Deco menos português do que o Figo, que recusou a selecção quando estava na mó de cima em Madrid, e voltou a correr, qual filho pródigo, quando foi para o banco, argumentando no primeiro caso que tinha de se dedicar por completo ao Madrid, e no segundo que agora já tinha tempo (leia-se: tinha de arranjar clube)? Como é que eu decido se um Pepe se sente mais ou menos português do que um Danny? Há alguma maneira de medir isso? Com base em quê?

Eu também acho que o país deve apresentar os seus melhores. E se esses melhores tiverem nascido no Brasil, no Congo ou na Venezuela (só para falar dos rapazes em campo na 4ª), por mim encantados da vida. É que se vamos começar a excluir os brasileiros (porque o problema parece ser só com eles, ninguém se chateia com os argentinos do râguebi ou com os nigerianos e ucranianos do atletismo), então sim, abre-se a caixa de Pandora, e não vejo com que critério se poderão então manter as outras nacionalidades.

Felizmente conta o mito que na caixa de Pandora (*) ficou escondida a Esperança.

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(*) a antiga boceta de Pandora, que deixou de se dizer assim, quando o sentido obsceno da palavra, típico no português medieval e que se perdeu ao longo dos séculos, regressou a casa através da fala arcaizante dos mesmos brasileiros que agora incomodam tanta gente.