Lá me arrastei sem grande vontade para Alvalade, no Sábado, antecipando já o que para ali vinha, mas sobretudo porque sabia que era o dia de os "núcleos" irem à bola. Chamem-me elitista, eu assumo (eu assumo tudo), mas aturar gente que só sabe falar aos gritos, com bafo a álcool, bigodes por fazer (elas), e com o vocabulário reduzido ao mínimo de sobrevivência não é para mim. Felizmente, e ao contrário de outros estádios do país, aqui é só uma vez por época. Durante o resto do ano o estádio é bem frequentado.
Ainda pensei em vez disso ir à Cornucópia ver o Pirandello, que de arremedos de tragédia estou muito farto. Arremedos, digo, porque o que se passou em Alvalade não atingiu sequer o nível de tragédia. Para tragédia tem de haver uma insolência, uma arrogância (em grego é mais bonito: hybris), e depois um castigo dos deuses, terminando numa catarse do público. Mas ali foi mais catarro, e insolência (da boa) só a do Leixões, que insiste em afrontar os grandes. Mas lá me arrastei.
E o que vi foi a prova demonstrada de que o tempo do Paulo Bento - que admiro e sempre apoiei - tem de chegar rapidamente ao fim. Não há condições. Não quero ser ingrato. Afinal o número de troféus ganhos (menores, mas troféus) não tem paralelo no historial recente do clube, no que respeita à razão quantidade/tempo. Mas não há condições. Mais psicológicas do que técnicas, quanto a mim. É preciso um abanão forte, é preciso mudar tudo. E o Paulo Bento já disse que não muda, numa afirmação de uma estupidez atroz: que podia perder, mas não mudava. Ora se perde é porqu está mal, e se está mal e não muda, isso não é muito inteligente. Mais: já afirmou várias vezes que o seu ciclo termina no final da época. Traduzindo, vai sair no final da época. É um técnico a prazo, e se as coisas não se alteram lá vamos de teimosia em teimosia até à derrota final.
Há ainda as tristes afirmações sobre os árbitros e o ambiente que lhes deve ser criado. Não é que eu não ache que se deve realmente criar pressão sobre todos os elementos em campo - faz parte do jogo. Também me parece que só com uma preocupante dose de iliteracia se pode ler nas suas palavras qualquer incitamento à violência. O problema é que analfabetos funcionais é coisa que não falta por aí (ainda que muito menos do que em outros clubes), e corre-se sempre o risco de algum anormal fazer o que aquela besta vestida de diabrete de Bosch fez no Galinheiro. E nem é difícil pedir ao público de Alvalade que crie mau ambiente: não deve haver em Portugal (talvez com a excpeção dos morcões) adeptos tão peritos em criar mau ambiente aos seus próprios jogadores, assobiando-os e insultando-os (embora felizmente em Alvalade ainda não se ameacem de morte nem se agridam de facto os jogadores ou treinadores) - basta desviar essa agressividade verbal para algo mais inteligente e produtivo.
Ainda pensei em vez disso ir à Cornucópia ver o Pirandello, que de arremedos de tragédia estou muito farto. Arremedos, digo, porque o que se passou em Alvalade não atingiu sequer o nível de tragédia. Para tragédia tem de haver uma insolência, uma arrogância (em grego é mais bonito: hybris), e depois um castigo dos deuses, terminando numa catarse do público. Mas ali foi mais catarro, e insolência (da boa) só a do Leixões, que insiste em afrontar os grandes. Mas lá me arrastei.
E o que vi foi a prova demonstrada de que o tempo do Paulo Bento - que admiro e sempre apoiei - tem de chegar rapidamente ao fim. Não há condições. Não quero ser ingrato. Afinal o número de troféus ganhos (menores, mas troféus) não tem paralelo no historial recente do clube, no que respeita à razão quantidade/tempo. Mas não há condições. Mais psicológicas do que técnicas, quanto a mim. É preciso um abanão forte, é preciso mudar tudo. E o Paulo Bento já disse que não muda, numa afirmação de uma estupidez atroz: que podia perder, mas não mudava. Ora se perde é porqu está mal, e se está mal e não muda, isso não é muito inteligente. Mais: já afirmou várias vezes que o seu ciclo termina no final da época. Traduzindo, vai sair no final da época. É um técnico a prazo, e se as coisas não se alteram lá vamos de teimosia em teimosia até à derrota final.
Há ainda as tristes afirmações sobre os árbitros e o ambiente que lhes deve ser criado. Não é que eu não ache que se deve realmente criar pressão sobre todos os elementos em campo - faz parte do jogo. Também me parece que só com uma preocupante dose de iliteracia se pode ler nas suas palavras qualquer incitamento à violência. O problema é que analfabetos funcionais é coisa que não falta por aí (ainda que muito menos do que em outros clubes), e corre-se sempre o risco de algum anormal fazer o que aquela besta vestida de diabrete de Bosch fez no Galinheiro. E nem é difícil pedir ao público de Alvalade que crie mau ambiente: não deve haver em Portugal (talvez com a excpeção dos morcões) adeptos tão peritos em criar mau ambiente aos seus próprios jogadores, assobiando-os e insultando-os (embora felizmente em Alvalade ainda não se ameacem de morte nem se agridam de facto os jogadores ou treinadores) - basta desviar essa agressividade verbal para algo mais inteligente e produtivo.
2 comentários:
O Paulo Bento é um treinador à medida da ambição dos nossos dirigentes.
É baratinho e não levanta ondas.
Além disso faz o papel de treinador, director desportivo, presidente e outras que não me lembro.
Cada um tem o que merece. Mas o grau de exigência é reflexo daquele que a maioria dos adeptos sente. As lagartixas preferem sempre um belo penedo solarengo, sem grande stress e mesmo que a barraca meta água, a culpa será sempre do sistema... o sistema de rega.
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