Tenho andado ausente por motivos profissionais, mas voltei para derramar pesporrência.
Cinco jornadas depois, e preparando-nos para uma segunda paragem, é curioso ver os estados de alma dos adeptos, facciosos ou não, dos três grandes.
Os morcões, com a tranquilidade de décadas de hegemonia (nuns casos legítima, noutros nem por isso), estão de novo na mó de cima, de novo por cima dos dois velhos marretas da Segunda Circular lisboeta, de novo a olhar de cima o resto da procissão que chegará ao santuário lá para Maio do próximo ano. Resta saber de que cor serão os panejamentos do andor. Pelo que se viu em Alvalade, e apesar do resultado, estão longe do poderio de outros tempos. No entanto, todos sabemos que isso não tem sido entrave. Este ano, e sem as tradicionais apitadelas, parecem ter apostado noutra táctica, que de resto já deu frutos no Boavista no início deste século: a cacetada. No Domingo, em Alvalade, senti-me como um romano num espectáculo de gladiadores, com a diferença de que não havia aspersões de perfume.
Os lampiões, com a sua característica personalidade maníaco-depressiva, passaram das lamúrias caliméricas das primeiras jornadas para a euforia e a certeza de que este ano é que é. Aliás, ainda à 4ª jornada já o insuspeito Record trazia artigos de opinião com títulos do género "Benfica campeão se...". Compreende-se a euforia: neste século têm sido muito raras as ocasiões em que o Benfica conseguiu ganhar ao Sporting no Galinheiro (2 apenas, se a memória não me falha), mas não se justifica. Como se viu na jornada seguinte, o Benfica este ano parece fadado para continuar a dar muitas alegrias aos adeptos. Aos do Sporting e aos do Porto. Houve ainda a vitória sobre aquela equipa italiana, actual 7ª classificada e há muito afastada destas lides. Logo se falou de um regresso às grandes noites europeias de anos há muito idos. Assim se vê como andam as expectativas por aquelas bandas.
Os sportinguistas, depois de um início de campeonato muito prometedor mas com apenas um resultado realmente significativo - a vitória em Braga -, entraram em depressão com a previsível, esperada e naturalíssima derrota em Barcelona, não ficaram convencidos com a previsível, esperada e naturalíssima vitória contra o Basileia (fosse isto do outro lado da Segunda Circular e teríamos uma "noite comparável às dos anos 60"), entraram em estado de choque com a inesperada derrota no Galinheiro, e encolheram os ombros descrentes com a derrota contra os morcões. Convenhamos: destas três derrotas apenas os 0-2 no Galinheiro são preocupantes, surpreendentes e motivadores de revolta nas hostes. Tendo em conta o historial recente, esse seria o resultado menos previsível. A única coisa que poderia levar a prevê-lo seria a tradição que diz que ganha quem está em pior momento. Mas ainda assim, e tendo em conta a sucessão de vitórias (algumas confortáveis) e empates conquistados no Galinheiro na última década, nada faria esperar uma coisa daquelas. A derrota em casa contra os morcões também não caiu bem, embora menos surpreendente, e instalou-se de novo o desânimo entre os sportinguistas. É preciso no entanto não esquecer um ponto importante: apesar da campanha oficial em sentido contrário, dificilmente o Sporting pode ambicionar a mais do que tem feito nos últimos anos, tendo um orçamento bastante inferior ao dos rivais. E muito se tem feito, nomeadamente ao ficar regularmente mais bem classificado e ao ganhar incomparavelmente mais troféus do que o clube que ostenta já há algumas épocas os orçamentos mais altos, e que, paradoxalmente nada tem conquistado, e do 3º não tem passado.
O que lampiões e sportinguistas parecem esquecer, porém, é que só passaram ainda 5 jornadas, e a procissão nem no adro ainda vai. Parecem também esquecer o velho lugar-comum (ainda assim verdadeiro) que reza que os campeonatos não se ganham nem se perdem nos confrontos entre os grandes. Embora sejam indicadores importantes - e o Sporting tem de reflectir e preocupar-se - não são decisivos. Sobretudo quando, como por feliz acaso acontece nesta época, se concentram todos nas primeiras jornadas. Isto permite que, por um lado, os inegáveis bons resultados de morcões e lampiões não sejam demasiado relevantes, e por outro os péssimos resultados sportinguistas não sejam, longe disso, um revés irrecuperável. Basta olhar para a classificação para o perceber. Quanto a mim, gosto assim: se as coisas correm mal nos clássicos, como começaram a correr este ano, há sempre muito, mesmo muito tempo para recuperar. E isto é válido para a segunda volta. Quanto aos morcões, e apesar de a minha opinião não ser original, cheira-me que não vão dar o passeio calmo dos últimos anos.
Cinco jornadas depois, e preparando-nos para uma segunda paragem, é curioso ver os estados de alma dos adeptos, facciosos ou não, dos três grandes.
Os morcões, com a tranquilidade de décadas de hegemonia (nuns casos legítima, noutros nem por isso), estão de novo na mó de cima, de novo por cima dos dois velhos marretas da Segunda Circular lisboeta, de novo a olhar de cima o resto da procissão que chegará ao santuário lá para Maio do próximo ano. Resta saber de que cor serão os panejamentos do andor. Pelo que se viu em Alvalade, e apesar do resultado, estão longe do poderio de outros tempos. No entanto, todos sabemos que isso não tem sido entrave. Este ano, e sem as tradicionais apitadelas, parecem ter apostado noutra táctica, que de resto já deu frutos no Boavista no início deste século: a cacetada. No Domingo, em Alvalade, senti-me como um romano num espectáculo de gladiadores, com a diferença de que não havia aspersões de perfume.
Os lampiões, com a sua característica personalidade maníaco-depressiva, passaram das lamúrias caliméricas das primeiras jornadas para a euforia e a certeza de que este ano é que é. Aliás, ainda à 4ª jornada já o insuspeito Record trazia artigos de opinião com títulos do género "Benfica campeão se...". Compreende-se a euforia: neste século têm sido muito raras as ocasiões em que o Benfica conseguiu ganhar ao Sporting no Galinheiro (2 apenas, se a memória não me falha), mas não se justifica. Como se viu na jornada seguinte, o Benfica este ano parece fadado para continuar a dar muitas alegrias aos adeptos. Aos do Sporting e aos do Porto. Houve ainda a vitória sobre aquela equipa italiana, actual 7ª classificada e há muito afastada destas lides. Logo se falou de um regresso às grandes noites europeias de anos há muito idos. Assim se vê como andam as expectativas por aquelas bandas.
Os sportinguistas, depois de um início de campeonato muito prometedor mas com apenas um resultado realmente significativo - a vitória em Braga -, entraram em depressão com a previsível, esperada e naturalíssima derrota em Barcelona, não ficaram convencidos com a previsível, esperada e naturalíssima vitória contra o Basileia (fosse isto do outro lado da Segunda Circular e teríamos uma "noite comparável às dos anos 60"), entraram em estado de choque com a inesperada derrota no Galinheiro, e encolheram os ombros descrentes com a derrota contra os morcões. Convenhamos: destas três derrotas apenas os 0-2 no Galinheiro são preocupantes, surpreendentes e motivadores de revolta nas hostes. Tendo em conta o historial recente, esse seria o resultado menos previsível. A única coisa que poderia levar a prevê-lo seria a tradição que diz que ganha quem está em pior momento. Mas ainda assim, e tendo em conta a sucessão de vitórias (algumas confortáveis) e empates conquistados no Galinheiro na última década, nada faria esperar uma coisa daquelas. A derrota em casa contra os morcões também não caiu bem, embora menos surpreendente, e instalou-se de novo o desânimo entre os sportinguistas. É preciso no entanto não esquecer um ponto importante: apesar da campanha oficial em sentido contrário, dificilmente o Sporting pode ambicionar a mais do que tem feito nos últimos anos, tendo um orçamento bastante inferior ao dos rivais. E muito se tem feito, nomeadamente ao ficar regularmente mais bem classificado e ao ganhar incomparavelmente mais troféus do que o clube que ostenta já há algumas épocas os orçamentos mais altos, e que, paradoxalmente nada tem conquistado, e do 3º não tem passado.
O que lampiões e sportinguistas parecem esquecer, porém, é que só passaram ainda 5 jornadas, e a procissão nem no adro ainda vai. Parecem também esquecer o velho lugar-comum (ainda assim verdadeiro) que reza que os campeonatos não se ganham nem se perdem nos confrontos entre os grandes. Embora sejam indicadores importantes - e o Sporting tem de reflectir e preocupar-se - não são decisivos. Sobretudo quando, como por feliz acaso acontece nesta época, se concentram todos nas primeiras jornadas. Isto permite que, por um lado, os inegáveis bons resultados de morcões e lampiões não sejam demasiado relevantes, e por outro os péssimos resultados sportinguistas não sejam, longe disso, um revés irrecuperável. Basta olhar para a classificação para o perceber. Quanto a mim, gosto assim: se as coisas correm mal nos clássicos, como começaram a correr este ano, há sempre muito, mesmo muito tempo para recuperar. E isto é válido para a segunda volta. Quanto aos morcões, e apesar de a minha opinião não ser original, cheira-me que não vão dar o passeio calmo dos últimos anos.
2 comentários:
Resumindo, o FCP por mais fraco que esteja, já percebeu que é com suor e empenho que se ultrapassa a mediocridade das outras equipas e respectivos adeptos. Verdadeiros morcões são aqueles que continuam, ano após ano, a viver na ilusão que finalmente a equipa vai ser digna ou que um treinador não pode ter épocas mais felizes que outras. É difícil ser treinador de uma equipa como o FCP, mas mais difícil deve ser treinar lampiões e lagartos muito por culpa das direcções e dos adeptos mais influentes. Aqueles que tendem a entrar em balneários ou na sala de estar dos presidentes. Aguentem-se! Aguenta-te morcão André.
Suor e sangue, muito sangue, pelo que se viu. Lágrimas não sei, logo se verá. Eu concordo que deve ser muito difícil treinar o Sporting, quando se vêem morcões infiltrados nas bancadas a apupar o guarda-redes da casa, com a inteção de o desestabilizar, e assim permitir que o fcp possa eventualmente aumentar a vantagem. Eu usava a mesma táctica quando fazia parte da claque do Torreense, nos anos 80. Quando ficávamos atrás do guarda-redes adversário fazíamos o mesmo que esses pseudo-sportinguistas fizeram ao Rui Patrício: assobiávamos, apupávamos, insultávamos. Às vezes funcionava, e o rapaz desconcentrava-se. Com o Rui Patrício pelos vistos não funcionou, felizmente. Tanto ele como o resto da equipa já devem estar avisados para a existência de cripto-lampiões e cripto-morcões que vão a Alvalade só para os insultar, apupar e desestabilizar com assobios.
Uma nota final em relação ao clássico de Domingo: lamentável a opção da organização em ano após ano insistir em puxar ao bairrismo provinciano, nas visitas do fcp, ao passar na instalação sonora o inefável "cheira a Lisboa". Uma vergonha. A gente ri-se e goza com manifestações bairristas provincianas, e depois vem o Sporting fazer o mesmo? Sinto-me envergonhado sempre que isto acontece.
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