Não gosto de jogos de pré-época. São geralmente mal jogados, aborrecidos, com os jogadores medianos a darem o litro para convencerem o treinador e os consagrados a recuperar das férias chutando bolas pachorrentas, indiferentes ao jogo, sabendo que o lugar está garantido. Há excepções, como em tudo, mas a regra é a do aborrecimento. Por isso raramente vejo jogos de pré-época em anos de Mundial ou Europeu - nos outros anos o desespero depois de um mês sem bola é tal que até futebol feminino marchava, se desse na TV, o que, graças aos deuses de quem me lê, não acontece.
Abri ontem uma excepção para ver curtos nacos do Celtic e do Sporting. Estando em casa de amigos, no meio de uma festa onde imperavam os eslavos com a sua característica euforia bem disposta, conseguindo nesse campo superar as espanholas, e esmagando os sorumbáticos e minoritários portugueses, lá ia conseguindo espreitar de vez em quando o Celtic, pois havia dois morcões na festa (um português e um ucraniano), e mais vezes o Sporting, apoiado nos meus propósitos por um bielorrusso e um marroquino, leões convictos. Não gostei do que vi de um lado e do outro, salvando-se porém, em ambos os casos, o resultado. Mas gostei muito da comida.
Hoje, embora o trabalho me berrasse com esbracejos desesperados, decidi ver o Sporting no torneio Guadiana. Sem grande atenção, com um olho pequenino na TV e um enorme no computador, onde aborrecidos gatafunhos seiscentistas, exumados das gavetas muito públicas do Arquivo Secreto Vaticano e papalmente pagos a peso de ouro, me iam enchendo o estômago de artigos e decisões e papas e bispos e epístolas e o raio que os partisse a todos deus-nossenhor-me-perdoe-que-sou-ateu. Gostei moderadamente. Assim como gostei dos cogumelos russos de ontem, afogados num molho estranho. Duas colheradas. Assim-assim. Bonzinho. Ma non troppo, pardon my italian. Mas nada comparado ao belíssimo polvo galego feito por uma galega a sério.
Gostei de ver o Sporting a controlar calmamente o jogo, a marcar dois golos. Gostei de ver que o Djaló continua a calar os assobiadores. Gostei de ver o Rochemback, aumenta-me sempre a auto-estima ver um tipo mais gordo que eu a jogar ao mais alto nível. Gostei de ver a coerência da equipa do Sporting, decorrente da continuidade dos jogadores titulares da época passada, apenas com 2 reforços no 11 inicial, em contraste com a tradicional manta de retalhos benfiquista no início de cada época, reflectindo políticas directivas e desportivas que vão em sentidos opostos, e cujos reflexos se têm feito sentir nas pçosições relativas dos dois clubes nos últimos anos. Gostei de ver que o Carlos Martins mantém no Benfica o nível que tinha no Sporting em 98% dos jogos. Gostei de ver que o Moutinho não jogou, confirmando-se que o Paulo Bento tem mão, ainda que às vezes a tenha em demasia. Gostei do resultado.
Não gostei dos anormais que armaram desacatos antes e durante o jogo, e é com tristeza que verifico que muitos sportinguistas se portaram como benfiquistas (por este andar qualquer dia armam confusão entre eles mesmos). Não gostei do Postiga, que nos minutinhos que esteve em campo só mostrou aquela coisa a que os romanos chamavam "merda" (dito assim, em latim, soa mais suave, não vos parece?). Não gostei do Bynia, que claramente devia estar a jogar na equipa de râguebi ou então a praticar luta livre, e é só uma questão de tempo até magoar de forma muito séria um jogador adversário - por enquanto só vai magoando a sensibilidade dos espectadores mais suceptíveis. Andei à procura do palhacito do Aimar (é assim que lhe chamam, não é, "el payasito"?), mas não o encontrei, por isso não posso dizer se gostei ou não - e estava com muita expectativa, dado o festival épico-patético que foi a sua contratação.
O Sporting conquistou o torneio, o que não quer dizer nada, não significa nada, e nem sequer é moralizante, dado o nível dos adversários. Serviu para descontrair enquanto se esperam os jogos a sério. Agora com licença que tenho de ver se no meio do latim não andei a cuspir impropérios futebolísticos, o que desagradaria bastante ao meu orientador, que até é portista.
Abri ontem uma excepção para ver curtos nacos do Celtic e do Sporting. Estando em casa de amigos, no meio de uma festa onde imperavam os eslavos com a sua característica euforia bem disposta, conseguindo nesse campo superar as espanholas, e esmagando os sorumbáticos e minoritários portugueses, lá ia conseguindo espreitar de vez em quando o Celtic, pois havia dois morcões na festa (um português e um ucraniano), e mais vezes o Sporting, apoiado nos meus propósitos por um bielorrusso e um marroquino, leões convictos. Não gostei do que vi de um lado e do outro, salvando-se porém, em ambos os casos, o resultado. Mas gostei muito da comida.
Hoje, embora o trabalho me berrasse com esbracejos desesperados, decidi ver o Sporting no torneio Guadiana. Sem grande atenção, com um olho pequenino na TV e um enorme no computador, onde aborrecidos gatafunhos seiscentistas, exumados das gavetas muito públicas do Arquivo Secreto Vaticano e papalmente pagos a peso de ouro, me iam enchendo o estômago de artigos e decisões e papas e bispos e epístolas e o raio que os partisse a todos deus-nossenhor-me-perdoe-que-sou-ateu. Gostei moderadamente. Assim como gostei dos cogumelos russos de ontem, afogados num molho estranho. Duas colheradas. Assim-assim. Bonzinho. Ma non troppo, pardon my italian. Mas nada comparado ao belíssimo polvo galego feito por uma galega a sério.
Gostei de ver o Sporting a controlar calmamente o jogo, a marcar dois golos. Gostei de ver que o Djaló continua a calar os assobiadores. Gostei de ver o Rochemback, aumenta-me sempre a auto-estima ver um tipo mais gordo que eu a jogar ao mais alto nível. Gostei de ver a coerência da equipa do Sporting, decorrente da continuidade dos jogadores titulares da época passada, apenas com 2 reforços no 11 inicial, em contraste com a tradicional manta de retalhos benfiquista no início de cada época, reflectindo políticas directivas e desportivas que vão em sentidos opostos, e cujos reflexos se têm feito sentir nas pçosições relativas dos dois clubes nos últimos anos. Gostei de ver que o Carlos Martins mantém no Benfica o nível que tinha no Sporting em 98% dos jogos. Gostei de ver que o Moutinho não jogou, confirmando-se que o Paulo Bento tem mão, ainda que às vezes a tenha em demasia. Gostei do resultado.
Não gostei dos anormais que armaram desacatos antes e durante o jogo, e é com tristeza que verifico que muitos sportinguistas se portaram como benfiquistas (por este andar qualquer dia armam confusão entre eles mesmos). Não gostei do Postiga, que nos minutinhos que esteve em campo só mostrou aquela coisa a que os romanos chamavam "merda" (dito assim, em latim, soa mais suave, não vos parece?). Não gostei do Bynia, que claramente devia estar a jogar na equipa de râguebi ou então a praticar luta livre, e é só uma questão de tempo até magoar de forma muito séria um jogador adversário - por enquanto só vai magoando a sensibilidade dos espectadores mais suceptíveis. Andei à procura do palhacito do Aimar (é assim que lhe chamam, não é, "el payasito"?), mas não o encontrei, por isso não posso dizer se gostei ou não - e estava com muita expectativa, dado o festival épico-patético que foi a sua contratação.
O Sporting conquistou o torneio, o que não quer dizer nada, não significa nada, e nem sequer é moralizante, dado o nível dos adversários. Serviu para descontrair enquanto se esperam os jogos a sério. Agora com licença que tenho de ver se no meio do latim não andei a cuspir impropérios futebolísticos, o que desagradaria bastante ao meu orientador, que até é portista.
2 comentários:
A ideia de te chamarem para este blog deve ter sido das mais acertadas que alguma vez se tomou e eu nem se quer tive nada a ver com isso. :)
Ler a tua prosa até que facilita a vinda ao Facciosos em maré de baixio futebolístico.
A pré-época do facciosos é, sem dúvida, muito mais elevada que o futebol que se assiste.
Também eu detestei a apresentação do FCP principalmente por ninguém ter pensado que, se calhar, o Celtic até era equipa para fazer o que fez. Assim sendo, porque raio se começa com a primeira equipa e se termina com os caloiros? Não percebo, excepto se se pretender transmitir a ideia que o FCP também sabe perder. Pelo menos não andámos à porrada com os celtas. Nos dias que correm já é uma postura digna.
Que 2008-2009 traga motivos para cá continuarmos a comentar a nossa vida e os "futebóis" adjacentes.
Post Scriptum para os restantes bloguistas: não sei se reparam mas as constantes referências, que o André faz a boa comida, foram indirectas ao almoço-jantar-convívio que Facciosos ainda não fez.
Obrigado pelas palavras simpáticas, meu caro balázio, mas olha que eu tenho uma cláusula de rescisão bem valiosa! Pois é, e esse jantar sai ou não sai? Pelo andar da carruagem, e com o carcanhol que os padres do Vaticano me andam a esmifrar, se não nos apressamos não poderei mais do que ir a um McDonald's! Menu salada, evidentemente, que a linha custa a manter!
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